As Primeiras Carteiras de Motoristas
Os primeiros
carros que aqui chegaram eram conduzidos por leigos que, por iniciativa
própria, puxando esta alavanca, empurrando aquele pedal, mexendo aqui, fuçando
ali – conseguiram pôr o veículo em movimento e levá-lo pelas acanhadas ruas do
Rio.
O motorista habilitado só apareceu em 1906 – embora o *decreto nº
858, de 15 de abril de 1902, exigisse exame de condutores de automóveis.
A primeira comissão examinadora de candidatos a condutores de veículos
era constituída de engenheiros da Prefeitura. Os que lavraram os primeiros
termos de habilitação de motoristas cariocas foram os Drs. Afonso de Carvalho,
Aníbal Bevilacqua e Arthur Miranda Ribeiro.
Modelo
de Carteira de Motorista emitida pela Pref. de Curitiba em 1913
Modelo de CNH de 1963
Modelo de CNH expedida em
1983 pelo Detran/SP
O primeiro Exame para motorista
O primeiro exame para motorista foi realizado no dia 08 de janeiro de 1906.
Foram aprovados os seguintes examinados: Manuel Borges (Panhard &
Levassor); Ernani Borges (Decauville); Francisco Leite de Bettencourt Sampaio
Jr. (Darracq); Carlos Inglez de Souza (Darracq) e José de Almeida.
No dia 19 de janeiro, houve mais
três “diplomados”: Engenheiro José
Augusto Pereira Preste; João Vasques Martins e Honório Guimarães Moniz. Em 7 de
fevereiro seguinte houve novo exame. Ficaram habilitados: João Vieira da Silva
Borges e Felisberto Caldeira.
É interessante frisar que Felisberto
Caldeira foi cocheiro dos carros dos presidentes Campos Salles e Rodrigues
Alves e o primeiro “chaffeur” do Palácio do Catete. Daí por diante os exames se
sucediam habitualmente duas vezes por mês.
A Autoescola / CFC
Autoescola, hoje denominada de Centro de Formação de Condutores - CFC, é
uma entidade particular, que presta serviço de caráter público. Então, quais
são as responsabilidades diante da sociedade, sua função, objetivo e
obrigações? O que está outorgado a um CFC fazer em termos de responsabilidades
sociais na área da educação do futuro condutor, da atualização do condutor e
reciclagem do condutor infrator? Trocado em miúdos, qual é o papel do CFC na
sociedade?
Não havia menção a autoescola no
Código Nacional de Trânsito de 1941, apesar de existir todo procedimento
prático e exames para ter o direito de dirigir.
Vinte e cinco anos depois da vigência do Código Nacional de Trânsito A
Lei 5.108/66 institui o Código de Trânsito de 1966 que entra em vigor no dia 21
de novembro de 1966 faz a mesma exigência para que se faça uso de veículos em
vias públicas
Art
64. Nenhum veículo poderá transitar nas vias terrestres sem que seu condutor
esteja devidamente habilitado ou autorizado na forma desta Lei e de seu
Regulamento.
Art
66. Ao candidato aprovado em exame de habilitação para conduzir veículo
automotor, conferir-se-á a Carteira Nacional de Habilitação que lhe dará
direito a dirigir veículos na sua categoria, em todo território nacional,
independentemente da prestação de nôvo exame, enquanto satisfizer as exigências
legais e regulamentares.
O candidato a motorista deveria procurar a CRT - Circunscrições
Regionais de Trânsito, pagar as taxas e fazer os exames exigidos e sendo
aprovado receberia a CNH.
Já no Regulamento do Código Nacional de Trânsito – 1968 o Conselho
Nacional de Trânsito tinha a incumbência de estabelecer programas e requisitos,
uniformes em todo o país, para os exames necessários à obtenção da Carteira
Nacional de Habilitação; e a primeira menção ao que podemos chamar de
autoescola está no Art 138:
‘As escolas de formação de condutores de
veículos automotores, para sua organização e funcionamento, sujeitar-se-ão à regulamentação baixada
pelo CONTRAN.’
O atual Código de Trânsito Brasileiro – CTB, que entrou em vigor em
janeiro de 1998, deu um novo horizonte às Autoescolas, que passaram a chamar-se
“Centros de Formação de Condutores”. E não foi somente uma mudança de
nomenclatura e de STATUS, mas também, uma ampliação nas suas atribuições e na qualidade
dos serviços prestados, com foco na educação e ensino, para uma melhor formação
dos condutores de veículos automotores.
Com o Centro de Formação de Condutor – CFC, o pensamento enquanto
formação seria sinônimo de trânsito seguro. As autoescolas, agora conhecidas
como Centro de Formação de Condutores representam uma mudança não apenas na
nomenclatura, mas de pensamento, comportamento e atitude.
A Autoescola ainda continua sendo um bom negócio?
Se o ramo de autoescola continua sendo um bom negócio, vai depender da
visão do empreendedor sobre a área de atuação ou da incursão do empresário em
entrar em um campo minado por bombas burocráticas, minas das concorrentes ou
dinamites das empresas trepadeiras.
Pois assim, devemos analisar a evolução social, econômica e empresarial
do ramo.
A mais ou menos 20 anos, poderíamos dizer que donos de autoescolas
faturavam consideravelmente e tinha um certo sossego em seu negócio. Pois, não
havia o mercado das carnes para lhe atrapalhar o pão nosso de cada dia. O custo
com instrutores, que trabalhavam muitas das vezes como “bico” – emprego informal,
o empreendimento era familiar, sem custo profissional, sem preocupação com
treinamentos, não havia monitoramento estatal, não havia controle em suas
ações, tudo era pela confiança quase que dos “bigodes”. O dono de autoescola
estava em “sombra e agua fresca”, os veículos usados em sua frota eram Uno ou
Gol; os mais populares entre as autoescolas e de certa forma, com preços que
cabiam no bolso e que não demandava muito custo em sua manutenção.
Como a concorrência eram de amigos de muitas datas, dificilmente havia a
desavença entre os pares, e a quantidade de autoescolas era consideravelmente tranquila,
sendo na maioria das vezes em bairros onde uma ficava confortavelmente em sua
região.
O órgão estatal era de fato um parceiro, onde proprietários e diretoria
conviviam em laços de “quase de marias”.
O público era de certa forma tímido, sem muita informação, ia muito por
indicação de família, parentes e amigos. As autoescolas buscavam clientes muito
mais pela indicação do que pelo investimento em marketing ou redes sociais.
A economia não era uma das melhores, mas proporcionava ao cliente ir até
seus sonhos e desejos e proporcionava aos donos de autoescola a facilitar o
acesso de seus clientes com cheques e financiamento próprio, onde a confiança
era o fruto mais cobiçado.
Assim, as autoescolas viveram a época de ouro de um momento ímpar de um
ramo econômico pouco aberto aos que queriam investir ou entrar.
A história agora é outra
Hoje, a história é totalmente diferente dos anos interiores.
Os Centro de Formação de Condutores – CFCs, que ao meu ver, tem relevância
social imensa, está passando por crises de identidade e financeira.
O custo pra abrir e manter uma autoescola chega a 200 mil reais, se caso
o empreendedor queira manter um CFC em boa qualidade competitiva. Isto é,
veículos novos e em qualidade tecnológica, uma boa localização, isto demanda um
aluguel nada generoso, instrutores capacitados, treinando e que sabem gostar de
pessoas e que sabem transmitir o ensinado. Afinal de contas, hoje,
diferentemente dos tempos passados, clientes são exigentes, principalmente o público
feminino. Então, manter em seu quadro de colaboradores instrutores que não
sejam profissionais, que gostem de pessoas e que sabem ensinar, este CFC está
fadado a falência.
Ainda conta que, além dos veículos, aluguel os profissionais, o Centro
de Formação de Condutores precisa investir em um ambiente aconchegante,
confortável e que proporcione ao cliente bem-estar e ao mesmo tempo eficiência e
eficácia, bem como, a garantia de um serviço bem prestado.
Ainda temos que as autoescolas têm uma concorrência enorme, onde a
guerra das carnes faz cair os preços juntamente com a qualidade dos serviços. Exceções,
aqueles CFCs que, ainda que haja perda de faturamento, se mantém no mercado por
uma questão de honra e respeito aos clientes e anos de mercado ou aqueles que
não entregam “os pontos” por não terem para onde ir.
Além da concorrência, ainda tem as empresas trepadeiras (telemetria por
exemplo) que elevam o custo para que os clientes possam ter em seu orçamento o
sonho de ser habilitado. Sem contar a taxa do DETRAN, que tem uma taxa para o
candidato fora da realidade da grande maioria das pessoas.
Sem contar que inúmeros outros afazeres custosos como câmeras em sala de
aula, preparação de veículo para o transformar em aprendizagem, taxas,
credenciamento, CLT, salários, benéficos, danos em veículos, perda de patrimônio
dela degradação do tempo, etc.
Ainda, há os gatos com redes sociais, com marketing e cuidado com a
frota.
Ufa, sendo assim, autoescola ainda é um bom negócio?
Minha opinião é que, hoje o ramo de autoescola mantém uma roda ativa que
gera muitos valores e agrega nestes valores várias outras empresas. Mas...
...Se você tem os recursos necessários para investir e quer viver na
adrenalina de uma vida no limite e, se submeter ao Estado, às empresas
trepadeiras, ao desgastes com o RH, a adrenalina de ter que entregar um bom
serviço para que o cliente não te levar para as redes sociais e falar mal de
seus serviços, ao DETRAN, ao PROCON ou a Justiça e você procura sair da mesmice,
então, está na direção de um bom ramo para o seu investimento.
Fonte: Livro - AUTOESCOLA - História, Funções e Responsabilidades do autor, Alexandre Basileis