A relação da cultura
com o cidadão é o processo educacional em que ela desenvolve. Aprendemos a
cultura por meios diversos e o mais comum é pela repetição de eventos que
incluem o conhecimento, a arte, as crenças, a lei, a moral, os costumes e todos
os hábitos e aptidões adquiridos pelo ser humano. Podemos dizer que há uma
cultura familiar, social, comunitária, política, musical, “et cetera”.
Então surge a
questão, o trânsito faz parte da cultura? O trânsito é cultural?
A resposta é sim. O trânsito faz parte de um
processo educacional e cultural. Portanto, o trânsito faz parte da cultura.
Vejamos:
O Trânsito como um
processo educacional
Educacional quando
pelo meio de um processo de ensino e aprendizagem o integrante (usuário) do
sistema (trânsito) aprende, desenvolve e interage pelo aprendizado. Um exemplo
clássico são as Normas Gerais de Circulação e Conduta que educa o usuário no
bom convívio, desenvolvimento, comportamento e uso das vias terrestres. Assim,
entendemos que há um aspecto de educação social para o trânsito. Quem se educa
para o trânsito não se educa para si e sim para terceiro, em favor da sociedade
e da comunidade onde vive. Se caso, você seja um condutor com mal costume, seu
vizinho, seus filhos (possivelmente) e até seus amigos irão lhe criticar e o
poder público irá lhe punir pela sua conduta nociva à sociedade, ou a sua
comunidade, ou a terceiros ou a ti mesmo.
O trânsito como um
sistema cultural geral
Quando o trânsito é
cultural?
Quando o uso das
vias é por meio de condutas condicionadas de tal forma que vire uma regra
informal (Normas de Circulação e Conduta Informal). Um exemplo disso é que
quando um condutor aciona a luz indicadora de direção para avisar o condutor
que o segue se ele pode ultrapassar ou não. Isso caracteriza uma cultura geral
e toma cunho de Norma de Circulação e Conduta Informal. Acreditamos nesses
sinais como de fato eles estivessem escritos num código de conduta. E até certo
ponto há condutores que se aborrecem quando o condutor que segue à frente não
utiliza de tais sinais.
O trânsito como uma
cultura regional ou local
O trânsito desenvolve uma característica
regional (local) de cultura quando um comportamento é condicionado
regionalmente. Um exemplo clássico é o que acontece no estado do Rio de
Janeiro, onde o carioca ou seus motoristas tem o costume (cultura local) de
acionar a seta indicativa de direção e logo fazer a manobra sem esperar um
momento sequer para realizar a manobra com segurança. Quem dirige no estado do
Rio de Janeiro, precisa se adaptar a essa NCCI que é uma mistura da
aplicabilidade da NGCC.
Já no estado do Espírito Santo, o
capixaba ou seus motoristas tem o costume (cultura local) de dirigir pela
esquerda em baixa velocidade, enquanto os que desenvolvem uma velocidade mais
elevada fazem pela direita. O condutor mineiro e baiano tem o costume de parar antes
da faixa de pedestre e acionar o pisca-alerta para o pedestre passar, o que é
um contraponto em relação às Normas Gerais de Circulação e Conduta.
Assim:
Verificamos que o trânsito em grande
escala é social e tem suas regras próprias estabelecidas no Código de Trânsito
Brasileiro e mais especificamente nas Normas Gerais de Circulação e Conduta.
Mas também, podemos concluir que o trânsito é regionalizado (municipalizado) e
comunitário; com uma cultura local baseada na convivência de seus munícipes ou
até mesmo entre munícipes de bairros distantes ou vizinhos. Exemplo é o que
acontece no bairro Jardim da Penha na capital capixaba, onde condutores e
pedestres de bairros vizinhos ou distantes sabem que nas rotatórias desse
referido bairro o condutor irá parar e o pedestres atravessar com segurança.
Mas, no exato momento que se deslocam do bairro Jardim da penha e vão em
sentido a outros bairros, esse comportamento some. Já em Guarapari, a cultura
local é que os motoristas param com semáforo aberto para pedestres
atravessarem. Neste caso, surgindo uma condição perigosa e de alto risco para o
pedestre que irá atravessar ou outro condutor que poderá ultrapassar ou até
mesmo de ocorrer uma colisão traseira.
De certa forma, quando a cultura é
nociva ou contrário a norma, ela se estabelece por motivo diversos tais como:
ausência do poder público na fiscalização, na educação ou na operação de
trânsito; na falta de sinalização ou na sinalização deficiente, em costumes
anteriores arraigados na comunidade por ter ficado tanto tempo sem a presença
do poder público ou pelo simples fato de o particular achar que a cidade é dele
e não precisa seguir determinadas normas.
Enfim,
cabe de certa forma, aos munícipios, a aplicabilidade das normas até que ela
seja condicionada e por fim se torne uma cultura correta.