Dirigir é uma hábito (condicionamento repetitivo) e não há controversas.
O hábito se concentra e prevalece pela rotina, repetição constante. Mas, não é só isso, o hábito se torna mais forte, mais arraigado quando as recompensas são bem definidas.
O que assistimos nas autoescolas não podemos nem mesmo chamar de processo de ensino-aprendizagem.
A eficácia do processo de ensino-aprendizagem está na resposta em que este dá à apropriação dos conhecimentos, ao desenvolvimento intelectual e físico do estudante, à formação de sentimentos, qualidades e valores, que alcancem os objetivos gerais e específicos propostos em cada nível de ensino, conduzindo a uma posição transformadora...,
"Aprender é o processo de
assimilação de qualquer forma de conhecimento, desde o mais simples onde a
criança aprende a manipular os brinquedos, aprende a fazer contas, lidar com as
coisas, nadar, andar de bicicleta etc., até processos mais complexos onde uma
pessoa aprende a escolher uma profissão, lidar com as outras, a dirigir um carro. Dessa forma as
pessoas estão sempre aprendendo" (LIBÂNEO, 1994).
Assim, o instrutor precisa criar mecanismos (condicionamento repetitivo) onde haja uma rotina em que, quem aprende consiga assimilar (contextualizar) o conhecimento repetidas vezes até que se torne um hábito.
A informação por si só não produz um afloramento do aprendiz e nem mesmo poderia, pois a informação precisa ser trabalhada, sistematizada, assimilada, até que se transforme em conhecimentos no qual o aprendiz já reproduz naturalmente por meio de comandos e sentidos.
A concepção de que o processo de ensino-aprendizagem é uma unidade dialética entre a instrução e a educação está associada à ideia de que igual característica existe entre ensinar e aprender. Esta relação nos remete a uma concepção de que o processo de ensino-aprendizagem tem uma estrutura e um funcionamento sistêmico, isto é, está composto por elementos estreitamente inter-relacionados.
Se faço uma pergunta a um candidato à Primeira Habilitação de qual seria o objetivo dele ao procurar uma autoescola, a resposta seria - tirar a Carteira.
Se pergunto ao instrutor qual é o seu objetivo como profissional que irá "ensinar" o candidato, possivelmente ele diria - fazer com que ele (o candidato) passe na prova.
De certa forma, não estão errados em pensar - tirar a CNH ou passar na prova. De fato, o final é a CNH e o meio é passar no exame, não há dúvidas quanto a isso.
Mas, quando pensamos num processo de ensino-aprendizagem, o que ensino e como ensino? O que se aprende e como aprende? Fica muito vago o "tirar a carteira" ou "passar na prova."
Cientistas cognitivos, tem trabalhado na construção da descoberta do hábito e da força de vontade do individuo que aprende.
O Loop do Hábito da Aprendizagem está em permitir que as deixas, rotinas e recompensas sejam bem definidas para quem aprende.
Se consigo mudar o objetivo de "tirar a Carteira" para "aprender a dirigir";
Qual seria a recompensa?
A recompensa seria a aprovação e consequentemente a CNH.
Se aprendo e entendo que estou aprendendo, fico motivado para receber a recompensa, haja vista que estou no meu objetivo, que é dirigir.
Então, temos uma Deixa - comando/ensino/estímulo;
seguido de uma Rotina - dirigir/repetição/aprender;
que por fim, tem uma Recompensa bem definida - aprendeu/aprovação/CNH.
Duas coisas podem desencadear a vontade de aprender - a necessidade e a motivação.
A falta de necessidade ou a desmotivação são barreiras que impedem o desenvolvimento do aprendizado. Então, se o candidato quer apenas tirar a Carteira e o instrutor quer apenas que ele seja aprovado, a consequência disso pode ser a decepção, quando o anseio pela recompensa não é saciada; assim, nasce a raiva e a desmotivação pela aprendizagem por causa do aparente fracasso ocorrido, a reprovação e a falta da Carteira.
Aprender a dirigir deve ser o anseio do candidato e a aprovação a recompensa por ter aprendido.
Um exemplo:
Imagine você habilitado na categoria "B" e pretende trocar de categoria para a "D".
A questão é: você precisa aprender a dirigir o veículo de categoria "D" ou apenas trocar de categoria de habilitação?
De fato, você precisará aprender a dirigir um outro veículo (criar o hábito) e não somente trocar a categoria da habilitação.
Portanto, apenas condicionar fisicamente o candidato a um exame, não garante o sucesso no ensino-aprendizagem. Ele pode até ser aprovado com louvor, mas não haverá o hábito de dirigir, pois, não aprendeu de fato.
A aprendizagem é a prática sucessiva (repetição) do que foi assimilado, aprendido, sistematizado, é o que virou hábito.
O Loop do Hábito da Aprendizagem está relacionado a uma deixa - rotina - recompensa.
Fontes:
http://www2.unifap.br/midias/files/2012/04/O-Processo-Ensino-Aprendizagem.pdf